quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Vivendo e aprendendo



Tudo o que acontece em nos­­­­­sa vida tem por obje­ti­­vo um ensinamento. Nós é que demoramos a perce­ber essa sutileza.
Em novembro, eu estive às voltas com os mais diversos transtornos após ter sido cassada a minha carteira de habilitação. Procurando ser mais correta possível, ao saber que atingi 20 pontos em multas, entreguei a minha carteira de motorista às autoridades de trânsito e participei de todo o processo legal para reaver o meu direito de dirigir.
Porém, só eu cumpri a minha par­te. Os orgãos governamentais deixaram a desejar. Mas essa é outra história. Parte dela é o que interessa nesse momento.
Depois de cumprido o “castigo” e atendido todas as exigências, procurei o Poupatempo do Campinas Shopping, logo às 9 horas da manhã, crente que voltaria para casa com a minha nova habilitação.
A Lei de Murphy, nesse dia, estava implacável: o sistema de informática do exame médico ficou horas fora do ar, mais de 400 pessoas aguardavam na fila do Banco do Brasil para efetuar o pagamento das taxas e o prazo de entrega foi estendido para o dia seguinte.
Eram 17 horas e eu continuava no Poupa­tempo, sem almoço, aban­­donando o meu trabalho e com o humor tão péssimo que nem eu podia suportar.
Depois de brigar com meio mundo, chorar, espernear, cai na real e me convenci que teria mesmo que retornar no dia seguinte.
A pé, constatei que não conseguiria chegar, de ônibus, à sessão de terapia agendada para as 18 horas, no bairro Guanabara. Para piorar, as nuvens negras, baixas e carregadas anunciavam um temporal.
Decidi pegar um taxi. Mas me lembrei que havia gasto todo o dinheiro em espécie no Poupatempo e que não portava o cartão de débito para saques no caixa eletrônico do Shopping.
Também não ando com talão de cheques. Só me restavam R$ 30,00 e o cartão de crédito, não aceito pelo único taxista disponível no local.
Ai começa a história que quero contar hoje. Eu já estava tão nervosa que para não perder o controle tentava me convencer de que nada acontece por acaso e que tudo e todas as situações devem ser encaradas como lições.
Eu não entendia o que eu tinha que aprender ali, com tanto descaso, com a péssima qualidade do serviço governamental e com a perda da minha carteria de habilitação.
Por mais que quisesse manter o pen­samento positivo, não conseguia.
Até que, do nada, surgiu uma moça que, ao ouvir eu perguntar o preço da corrida ao taxista até o bairro Guanabara, me perguntou se eu não poderia dividir a viagem com ela que estava muito atrasada para comprar passes para seus funcionários na Transurc - exatamente no caminho que eu seguiria. Com essa carona inesperada e a divisão da despesa, consegui chegar ao consultório da Debora em tempo, e com R$ 10,00 na carteira.
Mas, tinha a volta para a minha casa. A Debora poderia me dar uma carona, pois justo naquele dia tinha um jantar e eu fiquei envergonhada de pedir que desviasse no caminho.
Foi ai que meu irmão Carlinhos me ligou e pedi-lhe um carona. Agradeci, dispensei a Debora e fiquei a esperá-lo. Cinco minutos após eu estar sozinha, o Carlinhos me chama pelo rádio para avisar que a bateria de seu carro havia pifado e que aguardava o socorro.
Cansada e perguntado a Deus “o que foi que eu fiz dessa vez para merecer isso?”, solicitei a recepcionista do consultório um número qualquer de um serviço de taxi.
Liguei e expliquei que não mandassem qualquer taxi me atender. Precisava de um que aceitasse cartão de crédito, única forma de pagamento que eu dispunha naquele momento.
Rapidamente o taxi chegou e enquanto eu entrava no carro, chamei o meu irmão para informá-lo que agora seria eu quem iria socorrê-lo. Mas entrei no banco de trás o taxista informou:
-Só levo se for jornalista!.
Para minha surpresa, sentado à direção estava o Marquinhos Cordeiro, irmão do Clovis e cunhado da Lázara, os “todo-poderosos” desse jornal e meus amigos de infância.
O interesante é que nem taxista o Marquinhos é. Ele trabalha na área de informática e apenas dirigia o taxi do cunhado para fazer um bico. É mole?
Pedi que fosse comigo ver se o socorro já estava atendendo o meu irmão e, depois, segui para casa, cansada, mas aliviada e contente, principalmente por ter entendido a lição que a vida quis me ensinar:
“Qualquer que seja o mal momento que eu tenha que enfrentar, Deus sempre dará um jeito de manter os meus amigos por perto para me socorrer e para me ajudar”. Amém!!!