segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Papai Noel Voluntário

O Natal sempre torna as pessoas mais solidárias. Muita gente, que por força da correria do cotidiano não tem tempo para se dedicar a uma causa social, acaba não resistindo aos apelos natalinos e também torna-se um Papai Noel voluntário. Desde muito pequena levada por minha mãe, a dona Lena, a participar das campanhas beneficentes do MAE Maria Rosa, assumi há mais de 30 anos o compromisso de envolver amigos na doação de brinquedos para as crianças pobres de instituições sociais. O Orfanato da Irmã Dora, o Lar Campinense de Bem Estar do Menor e o Lar Criança Feliz já estiveram entre as entidades que, ao longo dessas três décadas, alegramos os natais das crianças assistidas. Desde que foi fundado em 1967 pelo casal Vandir e Carlos Dias, que moraram no Guabanara e, depois, no Castelo, o MAE Maria Rosa realiza a campanha de Natal com a entrega de presentes para as crianças. No passado, os brinquedos eram todos iguais - geralmente bolas e bonecas de plástico comprados em quantidade para baratear o custo - e colocados em cima das mesas nas quais em dias normais era servida a sopa para as familias atendidas pela entidade. O sistema de organização das crianças por grupos de atendimento, com a relação dos nomes, idades e tamanho da roupa para que os presentes sejam personalizados foi implantado no MAE Maria Rosa a partir de 2004, copiado de outras entidades de Campinas que já realizavam esse inteligente sistema de presentear os necessitados. Todos os anos distribuo e-mails e telefono para os meus amigos convidando-os para apadrinhar uma criança. Neste ano conseguiremos presentear 520 pessoas: as crianças dos programas Socioeducativo, Oficina de Arte e Domingo, do MAE Maria Rosa e os 81 idosos que frequentam a instituição, além de quatro creches próximas: Chapeuzinho Vermelho, Passo a Passo, Balão Mágico e Tia Bel. A campanha consiste em convencer um amigo a apadrinhar uma criança no Natal, colocando um brinquedo, uma roupa e artigos de higiene pessoal (sabonete, pasta e creme dental e shampoo) em uma sacolinha. Assim, os presentes ficam personalizados e as crianças ganham roupas e brinquedos adequados ao seus tamanhos e idades. É uma alegria para as crianças abrir a embalagem de um brinquedo novinho e receber uma roupa ainda com a etiqueta, uma rotina nem um pouco comum na sofrida vida que elas levam.
As amigas do Castelo, é claro, participaram ativamente dessa campanha: Susi Mara Perallis, Neusinha Fantini, Marcia Barcelos de Moraes, Lázara Paes Leme, Celinha Baptista Grassi, Conceição Costa, Emma Bianchi, Rosa Guedes e as filhas Ana Leda e Renata Tavares, Laine Turatti, que envolveu toda a redação do Correio Popular, Elizete Marcolino com suas amigas da Uniodonto e até a Sueli Weidner que, mesmo estando lá na Alemanha, depositou dinheiro na minha conta para que eu me encarregasse de apadrinas duas crianças em seu nome.
O resultado dessa campanha será a distribuição dessas sacolinhas para as crianças nos dias 15 e 16 de dezembro. O MAE Maria Rosa fica na Rua Vicente Palombo, 34, Jardim Campineiro. Precisamos de voluntarios também para auxiliar na entrega. Obrigada a todas as pessoas que ajudaram. Citei apenas as amigas do Castelo, mas todos os que colaboraram estarão permanentemente nas minhas orações. Bancar o Papai Noel é mais fácil do que parece. Basta observar quantas pessoas generosas e maravilhosas Deus teve o cuidado de colocar ao seu redor. Vera Longuini Jornalista e escritora

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Doces lembranças - Campanha pelo balão

O Clovis Cordeiro contou outro dia que os moradores do bairro iniciarão uma campanha para resgatar a praça conhecida como “balão do castelo”. A proposta dos moradores, de acordo com ele, é que o formato volte a ser circular, aumentando, assim, uma faixa de rolamento para os veículos hoje espremidos nos engarrafamentos frequentes em praticamente todas as horas do dia. A alteração da forma geométrica da praça, na época, foi necessária para evitar os “rachas” que ali aconteciam. Na minha adolescência, a gíria utilizada era “curvar no Castelo”, em referencia à caixa d´água, ou “curvar na Torre”, considerando que emuma das esquinas, onde está instalada hoje uma loja de sanduíches, funcionava a Torre de Pizza, uma lanchonete e pizzaria muito famosa na época. Mudar a forma geométrica da praça para evitar acidentes pode até ser uma medida aceitável. Mas derrubar todas as arvores que lá haviam foi um crime. Até hoje não me conformo com a “amputação” feita na praça que, convenhamos, ficou horrível. Na minha infância, lembro-me dos bancos sob as enormes árvores nos quais nos sentávamos para tomar sorvete ou para esperar um taxi que tinha ponto bem ali no balão. Recordo-me também do bar do pai do Ricardo, dono do Papai Salim, que ficava dentro do Castelo. No balcão, ao lado da escada, o baleiro de vidro redondo repleto de balas Juquinha e de gominhas era de dar água na boca. Subir até o topo era uma aventura que começava na escada estreita e escura. Cochichávamos para não chamar a atenção dos imaginários guardiões do Castelo, pois estávamos em uma importante missão: resgatar os prisioneiros de um maldoso rei, isolados no alto da torre. O ambiente começava a clarear quando estávamos próximos ao topo da escada. Como num passe de mágica, nos deparávamos com um lindo céu estrelado, pintado no teto abobadado. Do nada, mudávamos a brincadeira e com a cabeça para traz, olhos arregalados e boca aberta, tentávamos contar as estrelinhas douradas e identificar onde estavam as “Três Marias”, o “Cruzeiro do Sul” e o “rabo do escorpião”. Depois, na pontinha dos pés, nos apoiávamos perigosamente no beiral para vislumbrar Campinas, de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Era sempre a mesma brincadeira e sempre era divertido. Na adolescência, conforme já contei várias vezes aqui, ficávamos sentados nas muretas laterais da Torre de Pizza esperando o “racha”. A exibição não era apenas dos Fuscas, Mavericks, Kombis e Opalas em alta velocidade, cantando pneus e colocando e risco todos os que estavam por ali. Tinham os exibicionistas. Alguns colocavam o bumbum pelado na janela do passageiro enquanto o motorista, bem devagar, circulava pelo balão e buzinava para chamar a atenção da moçada que entupia as calçadas em volta. Outros, mais afoitos, tiravam toda a roupa e realizavam a “volta olímpica” em torno do Castelo. Esses adolescentes não tinham computadores, internet, facebook e, talvez, consideramos hoje muito compreensível a maneira que eles tinham para tentar aparecer, não é mesmo? Espero que a campanha surta um bom efeito e que o balão do Castelo volte a ser “redondo” e que, como já existe tecnologia para o replantio de árvores adultas, que o verde volte a circundar e a enfeitar a praça. Vera Longuini veralonguini@ateliedanoticia.com.br

terça-feira, 10 de julho de 2012

Linha direta

A Festa Junina da Igreja Cristo Rei parece ter batido todos os recordes: de público, de patrocinadores, de colaboradores e de voluntários. Nos quatro dias do evento não havia espaço nas mesas dispostas na quadra de futebol e na rua lateral, assim como no salão onde foi realizado o bingo. Os banners dos patrocinadores já tomaram todo o alambrado do espaço externo e, apesar das longas filas, principalmente nas barracas de pastel e do sanduiche de calabresa e nos brinquedos pula-pula e touro mecânico, o atendimento feito pelos voluntários foi impecável. O tempo ajudou e a chuva, que insistiu em cair forte até a sexta-feira que antecedeu a festa, cessou. Dizem as boas línguas que foi graças ao seguinte recadinho que o Cônego Luis Carlos Magalhães mandou para São Pedro pelo facebook: “Bom dia, meu amigo Pedrão. Neste final de semana e, também, no próximo, vamos ter a festa junina aqui na Paróquia Cristo Rei. É uma festa muito bacana na qual toda a comunidade seu reúne com muita alegria. Se continuar chovendo assim, a festa pode ser prejudicada. Pela consideração que o senhor tem com nossa comunidade, peço de feche as torneiras aí um pouquinho. Nossa comunidade agradece. Assinado, padre Maga”. Pedido atendido, festa realizada com sucesso. Estive lá para conferir e encontrei muitos amigos queridos dos quais aguardo os e-mails prometidos com várias histórias para serem contadas aqui. Com a Márcia Barcelos, a Susi Peralis, a Elizeth Marcolino e a Neusa Fantini lembramos da época em que dançávamos a quadrilha no Cristo Rei. Em uma delas, a Marcia Barcelos foi a noiva e chegou em um Ford 59. Quem foi mesmo o noivo? Surgiram vários nomes e nenhuma conclusão. A Neusinha foi mãe da noiva e criou um personagem manco para disfarçar o saltinho quebrado do sapato escolhido para a dança. Naquela época não havia bingo, ou, melhor dizendo, o jogo era conhecido como tombola. Nada de salão fechado, mesinhas, cartelas de papel e canetas. Todos ficavam em volta de uma barraca quadrada. As cartelas eram fixas, pintadas nos aparadores de madeira. Os números eram marcados com grãos de feijão. Não havia quadra e nem quina. Só valia a cartela cheia. E todos saiam com o frango assado com farofa, um dos prêmios ofertados. Menos eu, que nunca ganhei nada em sorteio, rifas e afins. Talvez seja por isso que não suporto jogos. Sempre saio com as mãos vazias, mesmo quando todos ganham, como nos bingos que as “meninas” insistem em fazer – graças a Deus que só de vez em quando – em nossos encontros das Luluzinhas. Antes de terminar peço licença para homenagear duas pessoas queridas que muito contribuíram com a Igreja Cristo Rei e não estão mais, pelo menos fisicamente, entre nós: o engenheiro Eduardo Mafissione, irmão da Neusinha Fantini, responsável pelo projeto do salão de festas da paróquia; e o Sr. Valdomiro Turatti, que todos chamavam de Vlad, marido da dona Leonina (a dona Nina) e pai da Laine e da Heloisa, que por mais de 40 anos participou ativamente no Cristo Rei. Que Deus conforte os familiares e amigos, amenizando a saudade que, certamente, sempre dará aquela triste apertadinha em nossos corações. veralonguini@ateliedanoticia.com.br

quinta-feira, 7 de junho de 2012

De volta à escola

Foi só citar o Colégio Dom João Nery no último artigo para reavivar a memória de muita gente que lá estudou. Cada um tem uma história curiosa, engraçada ou, às vezes, até meio confusa para contar sobre os professores, seus comportamentos e disciplinas. Evito publicar as histórias nas quais as pessoas são ridicularizadas ou as lembranças estão longe de serem elogiosas, como as que citam aqueles que viviam de “manguaça” ou que vestiam roupas “inadequadas” ou ainda, que lançavam mão de apagadores e outros objetos, atirando-os contra os alunos para colocar ordem na classe. Outros tempos, cujos comportamentos eram considerados normais, mas que hoje poderiam ser delatados como crimes contra a infância e a juventude. Por isso, decidi escrever apenas sobre as “boas” recordações. Afinal, elas são muito mais produtivas, não é verdade? O Davilson Maltoni, por exemplo, teve a delicadeza de enviar-me um e-mail informando que o professor de Desenho, o Henrique Marchini, desenhou para ele um distintivo da Ponte Preta, guardado até hoje. Também em seu “baú” está um trabalho de Artes assinado pelo professor Nilton. A torcida masculina reclamou da ausência do nome da Orleide, professora de História, por quem a maioria suspirava. A Katia Gabriel Silva postou no facebook que o Basílio, filho do professor Martins, foi seu colega de trabalho na CPFL. Ela lembrou-se, ainda, dos professores de Educação Física não mencionados no artigo passado, como a Maria Lina, o Barbosa e o Pádua que usavam, para suas aulas, as dependências do Clube Andorinhas, no Jardim Chapadão. Foi a Katia quem também se lembrou da casa situada bem em frente ao portão do Colégio, cujo muro servia de “poleiro” para os estudantes que ali ficavam paquerando nos horários de entrada e saída das aulas. Até o dia em que o dono do imóvel decidiu passar graxa no muro para que os estudantes não o incomodassem mais. A Marina Francabandiera contou da fanfarra, cujas roupas de “bandeirantes” foram compradas graças à receita das festas juninas realizadas na escola pelos próprios alunos. Receitas que ajudaram também, segundo ela, na construção do muro que cerca do Colégio até hoje. A fanfarra conquistou o primeiro lugar já na sua estreia em um desfile de 7 de setembro, realizado na avenida Francisco Glicério, graças à chamativa fantasia marrom e amarela adornada por um grande chapéu e botas pretas. Ela cita, ainda, que os melhores alunos de cada classe tinham que usar uma fitinha verde e amarela amarrada à uma medalha do Dom João Nery pendurada por um alfinete no bolso da blusa. Os pais eram chamados para a cerimônia de entrega realizada no pátio da escola e os alunos destacados subiam ao palco para que a professora colocasse a medalha. Era um orgulho. Eu não me lembro de ter recebido nenhuma. O Miguel Samuel recorda dos tempos do primário, quando os alunos, em fila no pátio, eram obrigados a cantar o Hino Nacional. Eu me lembro que os alunos que se ofereciam para ajudar na cantina ganhavam lanche e refrigerante caçulinha. Eu ajudava sempre. A Elizabeth De Nardo, que na época chamávamos de Beth Baptista, e hoje vive nos Estados Unidos, está à procura da Alba Regina Ranzani, não sei se para rever a grande amiga ou para saber se ela ainda tem a receita do “melhor sonho do mundo”, recheado com goiabada ou creme, vendido no barzinho que o pai da Alba tinha na Rua Erasmo Braga, pertinho do Colégio. E, vejam que bacana: encontrei-me com a Cidinha Reis, esposa do Luiz Antônio e mãe da Fernanda e do Felipe. Embora só a irmã dela, a minha xará, Vera, tenha estudado no Dom João Nery, ela disse viajar no tempo com nossas lembranças, já que morava ali pertinho, na Rua Quintino Bocaiúva. Um beijão, Cidinha, e espero que você também me ajude a contar um pouco das boas lembranças que todos nós temos da nossa infância e juventude. Afinal, esse espaço é todo nosso. Vera Longuini veralonguini@ateliedanoticia.com.br

domingo, 8 de abril de 2012

Novas gerações


Quando você pensa que todas as coincidências, casualidades ou sincronicidades já
aconteceram na sua vida, eis que o destino novamente traz boas surpresas. No sábado, 31 de março, fui madrinha do casamento do meu sobrinho Felipe, filho da Kelly, com a Karine, numa linda festa na chácara da noiva, em Pinhalzinho. Quando fui convidada para “abençoar” o casamento, o Felipe me perguntou se eu aceitaria ser madrinha de seu casório junto com um amigo que ele gostava muito, o Ronaldo, que eu sequer conhecia.
- Depende, ele é bonito?, brinquei.
- As meninas dizem que sim, respondeu.
- Então eu topo, aceitei.
E não é que o garoto é bonito, mesmo! Só que o lindão do Ronaldo tem aproximadamente
a metade da minha idade e é filho da minha xará Vera, irmã da Sônia, da Ivonete e do
Washington, que moravam na Rua Alberto Jackson Byington, no Jardim Chapadão. Nós nos
reuníamos sempre na mureta da casa do Gilberto (Urtigão), na esquina com a Rua Cônego
Manoel Garcia.
Pode um negócio desses? Adorei. Quando o Ronaldo me falou que “talvez” eu conhecesse
a mãe e as tias dele, fui logo perguntando os nomes. Conforme ele falava, as imagens das amigas voltavam à minha mente. Que delícia. E que bom saber que o destino colocou o Ronaldo e o Felipe na mesma rota para que se tornassem amigos. Amizade da segunda geração, sem qualquer interferência da primeira. Mais uma obra do destino. Chamei as minhas irmãs e o meu irmão e apresentei o Ronaldo para todos:
- Vocês nem imaginam quem é esse moço lindo!, eu dizia.
Eu me amarro nessas histórias. Até mesmo porque eu vejo sincronia em tudo o que acontece na minha vida. Mesmo quando o “acaso” tem fortes aliados para promoverem esses reencontros, como as redes sociais, pro exemplo. Graças ao Facebook cial já reencontrei centenas de amigos. E, quando acredito que já reencontrei todo mundo, alguém cria um novo grupo e ali aparecem outras dezenas de pessoas que fizeram parte, de alguma forma, de minha história.
O grupo mais recente é o DOM JOÃO NERY – Bonfim, a escola primária onde estudei e que, depois, tornou-se ginásio em substituição à escola Hildebrando Siqueira que funcionava no mesmo prédio da Rua Erasmo Braga. Nesse grupo estou lendo e curtindo as Doces Lembranças de antigos colegas, principalmente sobre os professores. Estou resgatando a história do professor Antonio Roiuk, que tantos comentários provocou no Face e será o tema da minha próxima coluna. Entrem no grupo e deixem lá suas lembranças. As mais interessantes eu prometo transcrever no JORNAL DO CASTELO

Vera Longuini
veralonguini@ateliedanoticia.com.br

quarta-feira, 14 de março de 2012

Amélia não era a mulher de verdade!

Aproveitando o Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, gostaria de homenagear algumas das mulheres que, apesar de viver no “Castelo”, não tiveram vidas de princesa, mas transformaram-se em verdadeiras soberanas graças às duras experiências impostas pela vida.
Que me perdoem Mário Lago e Ataulfo Alves, mas discordo que a “Amélia é que era mulher de verdade”. Das tantas mulheres que eu conheço e que merecem ser assim chamadas, destacarei a minha mãe, a Maria Helena (Lena) Badolato, e as mães e parentes de amigos meus, como a dona Ordália Cordeiro, a dona Ilse Baptista, a Luiza Dias, a Conceição Costa, a dona Regina Marcolino, a dona Dóris Perallis, Celina Barcellos de Moraes, Alaide Castelli e tantas outras, às quais antecipadamente peço desculpas por não citar aqui.
À elas devemos, principalmente, a criação dos filhos maravilhosos que deixaram como seus vivos exemplos na Terra para dar continuidade à uma linhagem que precisa ser mantida. Todos nós, seus filhos, temos que deixar a modéstia de lado e admitirmos que somos pessoas do “bem”, que promovemos a honestidade, a ami­zade e a dignidade. Graças a essas mulheres maravi­lhosas que Deus teve o carinho de colocar em nossas vidas.
Com “ninhadas” de filhos, elas não tinham máquinas de lavar roupas ou pratos, não tinham faxineiras, empregadas, nem cozinheiras, não tinham automóvel (aliás, a maioria sequer sabia dirigir), não contavam com delivery e com nenhuma das tantas facilidades da vida moderna. Minha mãe, por e­xemplo, precisava ensaboar, ferver, quarar, lavar novamente, enxa­guar e colocar para secar ao sol as nossas roupas encardidas da terra do Chapadão ainda sem asfalto em suas ruas nas quais brincávamos. E foi tão benemérita auxiliando tanto o Movimento Assistencial Espírita Maria Rosa, a antiga Sopa do Grameiro, onde prestou serviços voluntários por mais de 40 anos, e enquanto a sua saúde permitiu.
A dona Ordália, que nada en­xergava, além de tudo, ainda ajudava no sustento da casa, costurando chapéus para a fábrica dos Cury. A Conceição Costa, que além de mãe foi uma super tia para todos nós, realizou paralelamente à sua vida doméstica um grande trabalho de assistência aos jovens viciados em drogas que pudemos acompanhar tão de perto.­
Mulheres que, se a dificuldade apa­receu, não passaram fome ao lado dos maridos e, em vez de acharem graça de “não ter o que comer” ou de enfrentar qualquer outra dificuldade, arregaçaram as mangas e foram à luta, priorizando a prole e ajudando – ou so­zinhas – a sustentar seus lares. Não viveram só de amor e, apesar de, certamente, também sonha­­rem e suspirarem para a lua, ves­ti­ram a armadura para enfrentar a tudo e a todos que um dia chegaram a ameaçar os seus castelos. São soldadas, são guerreiras, são exemplos. Das Amélias que conheço, só mesmo a que leva o Maria antes do nome e o Sanches como sobrenome, enfermeira de primeira linha e que curou tantas feridas, próprias e alhe­ias, com toda a dignidade que o mundo lhe deu.
É para essas mulheres a minha homenagem: que cuidam de seus filhos, pois sabem a responsabilidade que assumiram perante a vida ao dar a luz e, ainda, conseguiram tempo, coragem e disposição para cuidar de tantos outros. Embora algumas já não estejam fisicamente aqui, sei que ainda continuam olhan­do, orando e torcendo por nós. Obri­gada pelos exemplos que nos deram. Obrigada por terem feito parte e por ainda estar em nossas vidas.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Vivendo e aprendendo



Tudo o que acontece em nos­­­­­sa vida tem por obje­ti­­vo um ensinamento. Nós é que demoramos a perce­ber essa sutileza.
Em novembro, eu estive às voltas com os mais diversos transtornos após ter sido cassada a minha carteira de habilitação. Procurando ser mais correta possível, ao saber que atingi 20 pontos em multas, entreguei a minha carteira de motorista às autoridades de trânsito e participei de todo o processo legal para reaver o meu direito de dirigir.
Porém, só eu cumpri a minha par­te. Os orgãos governamentais deixaram a desejar. Mas essa é outra história. Parte dela é o que interessa nesse momento.
Depois de cumprido o “castigo” e atendido todas as exigências, procurei o Poupatempo do Campinas Shopping, logo às 9 horas da manhã, crente que voltaria para casa com a minha nova habilitação.
A Lei de Murphy, nesse dia, estava implacável: o sistema de informática do exame médico ficou horas fora do ar, mais de 400 pessoas aguardavam na fila do Banco do Brasil para efetuar o pagamento das taxas e o prazo de entrega foi estendido para o dia seguinte.
Eram 17 horas e eu continuava no Poupa­tempo, sem almoço, aban­­donando o meu trabalho e com o humor tão péssimo que nem eu podia suportar.
Depois de brigar com meio mundo, chorar, espernear, cai na real e me convenci que teria mesmo que retornar no dia seguinte.
A pé, constatei que não conseguiria chegar, de ônibus, à sessão de terapia agendada para as 18 horas, no bairro Guanabara. Para piorar, as nuvens negras, baixas e carregadas anunciavam um temporal.
Decidi pegar um taxi. Mas me lembrei que havia gasto todo o dinheiro em espécie no Poupatempo e que não portava o cartão de débito para saques no caixa eletrônico do Shopping.
Também não ando com talão de cheques. Só me restavam R$ 30,00 e o cartão de crédito, não aceito pelo único taxista disponível no local.
Ai começa a história que quero contar hoje. Eu já estava tão nervosa que para não perder o controle tentava me convencer de que nada acontece por acaso e que tudo e todas as situações devem ser encaradas como lições.
Eu não entendia o que eu tinha que aprender ali, com tanto descaso, com a péssima qualidade do serviço governamental e com a perda da minha carteria de habilitação.
Por mais que quisesse manter o pen­samento positivo, não conseguia.
Até que, do nada, surgiu uma moça que, ao ouvir eu perguntar o preço da corrida ao taxista até o bairro Guanabara, me perguntou se eu não poderia dividir a viagem com ela que estava muito atrasada para comprar passes para seus funcionários na Transurc - exatamente no caminho que eu seguiria. Com essa carona inesperada e a divisão da despesa, consegui chegar ao consultório da Debora em tempo, e com R$ 10,00 na carteira.
Mas, tinha a volta para a minha casa. A Debora poderia me dar uma carona, pois justo naquele dia tinha um jantar e eu fiquei envergonhada de pedir que desviasse no caminho.
Foi ai que meu irmão Carlinhos me ligou e pedi-lhe um carona. Agradeci, dispensei a Debora e fiquei a esperá-lo. Cinco minutos após eu estar sozinha, o Carlinhos me chama pelo rádio para avisar que a bateria de seu carro havia pifado e que aguardava o socorro.
Cansada e perguntado a Deus “o que foi que eu fiz dessa vez para merecer isso?”, solicitei a recepcionista do consultório um número qualquer de um serviço de taxi.
Liguei e expliquei que não mandassem qualquer taxi me atender. Precisava de um que aceitasse cartão de crédito, única forma de pagamento que eu dispunha naquele momento.
Rapidamente o taxi chegou e enquanto eu entrava no carro, chamei o meu irmão para informá-lo que agora seria eu quem iria socorrê-lo. Mas entrei no banco de trás o taxista informou:
-Só levo se for jornalista!.
Para minha surpresa, sentado à direção estava o Marquinhos Cordeiro, irmão do Clovis e cunhado da Lázara, os “todo-poderosos” desse jornal e meus amigos de infância.
O interesante é que nem taxista o Marquinhos é. Ele trabalha na área de informática e apenas dirigia o taxi do cunhado para fazer um bico. É mole?
Pedi que fosse comigo ver se o socorro já estava atendendo o meu irmão e, depois, segui para casa, cansada, mas aliviada e contente, principalmente por ter entendido a lição que a vida quis me ensinar:
“Qualquer que seja o mal momento que eu tenha que enfrentar, Deus sempre dará um jeito de manter os meus amigos por perto para me socorrer e para me ajudar”. Amém!!!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Doces lembranças ... Amizade para toda a vida

Tenho que agradecer a Deus, todos os dias, os bons amigos que ele colocou na minha
vida não apenas em momentos singulares, mas para me acompanharem durante toda a
minha jornada. A maioria deles vem e vão. E mais uma vez retornam ao meu convívio.
Quem conviveu comigo no final dos anos 1980 se lembrará da Shirley Costa, que agora
assina também Charbonnier, graças ao seu casamento com o Jean Michel, um simpático
francês que tenta me convencer de que é rabugento. Eu a conheci em 1987 quando da
minha estréia como professora no Curso de Jornalismo da Puc. Ela era amiga de alunos
meus. Tínhamos, todos, pouco mais de 20 anos de idade.
Shirley morava em Valinhos e trabalhava, então, na loja de roupas da Rosângela.
Ficamos amigas de imediato. Saíamos para as noitadas, principalmente às quintas-
feiras, no Flor de Liz, com a Laine Turati e o Ivan Fontana. Sempre dormíamos na casa
da mãe dela ou da minha.
Dois anos depois de uma amizade bem chiclete, Shirley decidiu tentar a vida em
Portugal junto com as amigas Dayla e Marcia. Na época não existiam celulares e muito
menos internet. A ligação telefônica para o Exterior custava uma fortuna e a nossa
comunicação começou por meio de cartas e cartões em datas especiais. Em 1994 tive
a oportunidade de viajar para a Europa e inclui Portugal no roteiro para reencontrar a
minha querida amiga. Passamos uma semana maravilhosa entre Lisboa e o Algarves.
Nos anos seguintes muitas coisas aconteceram na minha vida e na dela e acabamos
nos separando. Eu perdi os contatos da Shirley e, ela, os meus. Conseguimos nos
reencontrar em 2004, quando participei do Programa do Jô para falar sobre o livro
biográfico de Vandir Dias. O programa foi exibido em Portugal e assistido pela Eliana,
a irmã mais nova da Shirley, que sempre foi obrigada a ceder sua cama para mim.
Apesar disso, Lica teve o cuidado de ligar para a produção do Jô para pedir o meu
telefone. Em 2007 Shirley e Jean Michel estiveram aqui. No ano passado, consegui
passar três dias com ela em Cascais, no apartamento da Eliana, que, é lógico, foi
obrigada, mais uma vez, a ceder a cama para mim e até hoje questiona se fez bem em
me localizar. Foi pouco para matar tanta saudade. Tanto que voltei agora, no final do
ano, para passar as festas em Estremoz com essa família maravilhosa. Sinto muito
orgulho dessa bem sucedida empresária que mantêm um escritório de comunicação
em Portugal e, outro, em Madri, e que ainda chamo de Shirloca. A vida na Europa e o
sucesso profissional e pessoal não alteraram em nada a sua meiguice, o seu coleguismo,
o seu companheirismo e a nossa grande amizade. Espero, de verdade, que a vida nunca
mais nos separe.


Vera Longuini
veralonguini@ateliedanoticia.com.br