sábado, 10 de dezembro de 2011

As meninas do vôlei do Circulo Militar




Tutti, Cris Vosgrau, Verinha, Celinha e Claudinha
Denise, Neusinha Fantini, Cris Fernandes, Ciça e Ana Vosgrau

Acabo de concluir que sou uma pessoa enturmada: tenho a turma de amigos da infância, do Culto à Ciência, do Jornalismo da Pucc, da ex-CPFL, da EPTV, do Correio Popular etc. Todas formadas por amigas e amigos queridos com os quais eu ainda me encontro e mantenho ótimo relacionamento. Mesmo que os encontros, em alguns casos, sejam anuais ou aconteçam em uma periodicidade maior.
Pois acabo de reencontrar uma nova turma: a das Meninas do Vôlei do Circulo Militar. O reencontro começou no facebook e culminou com a uma reunião no sábado, 03 de dezembro, na casa da Marcia Franciosi Nardini. O bacana é que todas nós continuamos as mesmas, algumas, inclusive eu, apenas com alguns quilinhos a mais para caber as grandes alegrias que a vida nos deu. Prova disso é que ninguém perguntou:
-Quem é você, mesmo?
E, continuamos “inhas”: Celinha (Grassi), Claudinha (Zanchetta), Betinha (Henn), Neusinha (Fantini) e Verinha (Longuini). Só a Marcia, que a gente chamava de Pata. Foram também ao (re) encontro a Cristina Fernandes, as irmãs Beraldo - Claudete e a Iara - e a Glaucia Crepaldi. A Alvarina e a Maria Cristina, que jogaram na Hípica, também apareceram por lá.
Sentadas: Celinha, Neusinha e Marcia
Lembramos das broncas do técnico Barbosa, e das amáveis palavras que ele nos dirigia quando estava nervoso; da Kombi amarela e preta que nos levava para casa no final dos treinos e dos jogos; dos títulos que conquistamos para o clube e do sanduiche de pão murcho recheado com presunto e queijo que nos era oferecido após cada partida nos campeonatos principais.
A maioria eu não via desde os meus 17 anos, quando ingressei na Faculdade e tive que parar de jogar vôlei para poder trabalhar e pagar meus estudos. Aliás, eu fui a primeira a parar, mas, como já disse, apenas por um motivo de “força maior”. Algumas pararam por volta dos 20 e poucos anos e, outras, continuam na lida, ainda enfrentando as quadras e dominando a bola e a rede, como a Glaucia, a Betinha, a Neusinha e as irmãs Beraldo. Senti a maior “inveja branca” delas, que ainda treinam, competem e amam o voleibol que foi uma parte muito importante de nossas vidas, numa época em que esporte não era, ainda, “coisa de meninas”.
Mas, nós, estávamos lá, treinando em quadra de saibro, a céu aberto, inclusive nas noites frias que pareciam ainda mais geladas no descampado do clube. Voltávamos com os nossos “Bambas” imundos de terra vermelha. Quadras cobertas só a do Taquaral, Tênis Clube e Regatas, usadas nos jogos oficiais, sem torcida, sem quase ninguém na arquibancada para prestigiar os nossos feitos. Outros, mas bons tempos. Tanto que marcou, para sempre, as nossas vidas. Valeu, meninas. O tempo pode ter passado, mas a nossa amizade continua vitoriosa!

sábado, 29 de outubro de 2011

Sobrinha de peixe, peixinha é

Desde criança eu sempre gostei de escrever. Em casa, apesar do pouco estudo dos meus pais, falar corretamente o português sempre foi uma exigência. Até hoje, uma concordância verbal errada ou a pronúncia de uma palavra inexistente ou trocada é motivo de correção, perto de quem quer que seja. Para quem não está acostumado, pode parecer grosseria, as desde pequenos fomos acostumados a corrigir uns aos outros. E não importa quem esteja por perto. No mínimo, quem ouvir aprende também.
Mas essa “insuportável” maia que temos de corrigir uns aos outros em casa pelo menos nos fez falar e escrever corretamente. Talvez, por isso, seguimos fazendo o mesmo com as novas gerações. E não é que está dando certo. No dia do meu aniversário, em setembro, fui surpreendida pela minha sobrinha-neta, Nicole, que tem apenas 15 anos. Há 9 anos, desde que comecei a trabalhar para a Expoflora, ela e os irmãos Isadora e Rafael (está com 5 anos, mas vai lá desde que nasceu) ficam um ou dois dias no evento comigo. Minha mãe também adorava visitar o evento das flores e, em especial, a Chuva de Pétalas. Em vez de contar, prefiro publicar o texto que a Nicole escreveu, intitulado “Porque optei fingir que acredito”. Ela escreveu:
“Há alguns anos, eu e minha família somos fiéis ao passeio na cidade das flores. É uma vez ao ano em que deixamos de lado os desentendimentos, decepções e tristezas que existem em qualquer família estranhamente normal. Um dia para dar o devido valor aos pontos altos de se ter uma família.
Esses dias são afogados por risadas, piadas sem graça e muita comida. Dia para matar as saudades de quem quase não se vê, dia de amar e ser amado. Dia de sorrir e, em troca, receber sorrisos.
A chuva de pétalas sempre foi a melhor parte. Todo mundo junto, grudadinho para presenciar a chuva mais delicada que existe. Finalzinho da tarde e todos estendem e elevam as mãos para sentir o toque das pétalas. Esse momento sempre foi bonito, já que dizem que quem segurar uma pétala ainda no ar tem um sonho realizado. E todos os anos eram iguais: milhões de sonhos, mãos para o alto, pessoas e pétalas
No ano que passou, minha família perdeu um pedaço. A nossa querida abelha rainha – conhecida também por ser irmã, tia, mãe, avó e bisavó -, resolveu que era a hora de partir para o andar de cima e nos deixou sem... sem mãe, avó e bisavó, que é o meu caso. A saudade tomou conta das casas e das pessoas e, por um bom tempo, ninguém conseguiu ouvir a palavra capelete sem deixar que uma lágrima escorresse de seus olhos.
Eu era aquela pessoa que tentava segurar pétalas por diversão, mas nunca acreditei na história da realização de sonhos. Porém, esse ano, a vontade de segurar uma pétala foi maior. Era como se alguma coisa estivesse me puxando para lá. Fiquei bem na frente e levantei as mãos. Estava disposta a segurar uma pétala.
A chuva com cheiro de flor começou e lá fui eu tentar segurar e sentir o cheiro da rosa. Depois de inúmeras tentativas frustradas deixei a mão direita aberta e não a movi. Um minuto, aproximadamente, se passou e, finalmente, uma pétala pousou sobre a palma da minha mão. Resolvi não conter o choro e o deixei percorrer o meu rosto. Choro de saudade e alegria caminhando de mãos dadas. Saí de lá com a pétala na mão e sentei-me em um canteiro de flores em frente à Sala da Imprensa. Fiquei quieta e comecei a curtir a saudade da minha bisa que voltou para me visitar.
Para a minha surpresa, a música “Como é grande o meu amor por você”, do Roberto Carlos, começou a tocar. Uma música que a dona Maria Helena – minha bisa – adorava e vivia a cantarolar. Optei fingir que acredito na história das pétalas, por sempre ouvir a minha “véia” falando que gostaria de segurar várias pétalas para pedir amor, alegria, saúde, dinheiro e paz para os parentes e amigos.
De agora em diante, tentarei pegar o máximo de pétalas que eu conseguir, para poder continuar a pedir todas as boas coisas que ela pedia. Assim, poderei lembrá-la com mais amor e saudade do que eu me lembro hoje”.
Não é uma fofa? Acho que logo,logo, essa menina puxa o meu tapete.

Vera Longuini
veralonguini@ateliedanoticia.com.br

sábado, 28 de maio de 2011

Vida cigana

Embora eu esteja em plena viagem de férias, só estou escrevendo a coluna esse mês porque a Neusinha Mafissioni e a Glaucia Crepaldi reclamaram da minha ausência no jornal. Fiquei tão feliz que prometi não falhar mais. Como estou longe, não tenho como pedir a ajuda dos amigos, mas aqui vai. Por sugestão do Clovinho, vou relembrar da época em que o Chapadão foi “invadido” por ciganos.
Quem morou no Castelo no final das década de 1960 e início dos anos 1970 deve lembrar-se da grande quantidade de barracas que durante anos ocuparam os terrenos baldios alheios, entre as casas recém construídas no loteamento que foi criado nas terras da antiga Fazenda Chapadão.
Creio que esse foi o primeiro bairro – ou um dos primeiros - escolhido pelos imigrantes, vindos principalmente da Romênia, para viver em Campinas. O inusitado para nós é que os nossos novos vizinhos moravam em tendas, sem energia elétrica e água encanada e tinham costumes bem diferentes dos nossos. Acho que foram os primeiros estrangeiros que conheci, além dos meus avôs.
Os moradores os viam com curiosidade, espanto e, alguns, até com medo. Afinal, ninguém sabia ao certo de onde vinham o que faziam aquelas pessoas. Os comentários eram de que viviam da venda de tachos de cobre e outros objetos artesanais.
Como ocupavam terrenos que nem deles eram, com a autorização de alguns moradores mais tolerantes faziam “gatos” na rede de energia elétrica e emprestavam a água das casas vizinhas. Alguns moradores reclamavam, mas meus pais nunca se incomodaram com isso.
Uma das famílias instalou uma barraca bem em frente à nossa casa, na Rua Ibsen da Costa Manso, e, por isso, era comum vê-los enchendo baldes de água nas torneiras de nosso jardim.
Lembro-me das ciganas banhando-se e aos seus filhos em bacias, ocultadas apenas por longos tecidos coloridos pendurados em cordas, como se secassem em um varal. Também me recordo dos comentários que corriam pelo bairro pelo fato das ciganas não terem vergonha de sacar o peito em público para dar de mamar às crianças, numa época complicada e moralista quando as campanhas de conscientização sobre a importância da amamentação materna sequer eram cogitadas para exibição nas emissoras de TV.
Seus modos e costumes eram, simplesmente, diferentes e, por isso, talvez provocassem um misto de admiração e indignação nas pessoas que começavam a povoar o bairro. A grande herança que temos de meus pais foi o ensinamento de sempre aceitar a todos como amigos e a nunca discriminar ninguém. Descontadas as brigas comuns entre as crianças, nosso relacionamento com os ciganos sempre foi muito bom.
Cética, minha mãe só não gostava quando alguma cigana oferecia-se para ler a sua mão em troca de alguns trocados. Sempre com respostas prontas, dona Lena devolvia:
-Não, obrigada. Mas se quiser eu posso ler a sua, respondia, para encerrar de vez a conversa.
Depois de um tempo vivendo em barracas, os ciganos começaram a adquirir os terrenos e a construir casas. Como meu pai ajudou na construção de muitas delas ou fez a parte de marcenaria daquelas residências, os ciganos passaram a nos convidar para as suas festas. As de casamento lembro-me bem, duravam três dias. Uma delas foi realizada pela simpática família do Emilio Bechara (acho que era esse o seu nome), que morava na esquina da Rua Bento da Silva Leite com a Avenida João Erbolato.
Nos terrenos desocupados foram montadas imensas barracas com mesas e bancos de madeira. A comida era muito farta, com direito a porco assado no rolete. As ciganas, com suas saias longas e coloridas e suas blusas ousadamente decotadas para a época, enfeitaram-se ainda mais, abusando do dourado nas vestimentas. As casadas distinguiam-se das solteiras pelo lenço que usavam na cabeça.
Embora construíssem casas grandes, as moradias dos ciganos, naquela época, dificilmente tinham portas, armários e acabamentos. Tão pouco móveis. A estrutura interna continuava sendo a das barracas, com panos pendurados nos ambientes e o único conforto eram os tapetes espalhados pelo chão. Depois de um tempo eles deixaram o Castelo e começaram a construir no Alto do Jardim Eulina e Taquaral. Perdemos totalmente o contato e hoje nem sei mais onde estão.
Em tempo. Esse mês tem a festa Junina da Igreja Cristo Rei. Estarei por lá, na barraca de minipizza, ajudando o Clovinho e a Lazinha. Que tal nos reunirmos para um quentão? Espero por vocês.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Solidariedade a granel




Muita gente pensa em ajudar ao próximo, mas não sabe por onde começar. A justificativa mais comum é a falta de tempo e de dinheiro para qualquer ação beneficente. Há muito tempo a vida vem me provando que a história não é bem assim. Assim como toda grande obra é sustentada por pequenos tijolos, uma boa ação é calcada no espírito de solidariedade e no amor que tomos trazemos no coração.
Os desafios, é claro, a primeira vista parecem imensos. Mas basta decidir enfrentar-los para que pessoas com vontade de ajudar surjam muitas vezes de maneiras insólitas ou inesperadas, em nosso caminho. Exemplos não me faltam nesses mais de 40 anos em que, levada pela minha mãe, decidi colaborar com o MAE Maria Rosa (antiga Sopa do Grameiro).
Um dos exemplos foi no Natal de 2010. Graças à colaboração de centenas de pessoas, conseguimos fazer com que o Papai Noel entregasse cerca de 400 sacolinhas com presentes, roupas, livros e produtos de higiene pessoal para as crianças e adolescentes do e para mais quatro creches que a própria entidade auxilia, na região dos Amarais e do bairro Matão.
Na Páscoa, não foi diferente. Tínhamos o compromisso de doar 250 ovos de chocolate para as crianças atendidas no Jardim Campineiro. Os preços praticados no mercado dificultavam a nossa tarefa. Eis que surge, pelo segundo ano consecutivo, a Marina, da Zenith Food, uma microempresa que funciona na Avenida João Erbolato, no Jardim Chapadão, para nos mostrar que nem sempre o lucro é apenas a sobra do dinheiro que entra na conta corrente.
A Marina produziu com exclusividade para a entidade, deliciosos ovos de 250 g cada, cobrando somente R$ 5,50 a unidade. A “turma do Castelo” ajudou muito, comprando caixas com 10 ovos ou passando o chapéu entre os amigos. Cada um colaborou como podia: a Laine Turati, que mora na avenida papa Pio XII, encarregou-se de arrecadar o dinheiro com os jornalistas do Correio Popular, onde trabalha. A Renata Tavares, que vive nas proximidades da Pedreira do Chapadão, fez o mesmo com o pessoal da Thema Relações Públicas. A Rosa Guedes, mãe da Renata, e a Lazinha Paes Lemes e o Clovis Cordeiro doaram caixas com 10 unidades. Mais gente ajudou: o pessoal da Embramac, capitaneado pela Vera Andrade, a Cristina Beluco, a Renata Sanches e a Valéria Salek, são algumas das amigas que estão sempre a postos em todas as campanhas nas quais nos envolvemos.
Assim, de ovo em ovo fizemos a Páscoa das crianças da entidade. Se os R$ 1.350,00 necessários nos pareceram uma fortuna no início da campanha, graças à contribuição de mais de cem pessoas, cada uma contribuindo com quanto dispunha no momento, pagamos pelos chocolates e, ainda, conseguimos cachorro quente e refrigerantes para a festinha de entrega. Parece pouco. E é, porque tem mais.
Lembram-se das quatro creches que ajudamos também no Natal? Elas pediram ajuda na Páscoa, mas a diretoria do MAE Maria Rosa explicou que estava difícil até mesmo para atender as crianças da entidade. Só que, conforme expliquei, a ajuda sempre aparece e só Deus – com certeza, só Ele mesmo – sabe de onde vem.
Na terça-feira antes da Páscoa a minha irmã Regina, que trabalha no Colégio Educap, na Vila Nova, me telefonou informando que as crianças da escola haviam feito uma campanha da Páscoa para o mãe Maria Rosa e solicitava que alguém fosse buscar as doações: óleo, macarrão, leite, achocolatado e muitos outros alimentos que garantirão as refeições para as crianças da entidade até o final do semestre.
Entre os donativos, 240 ovos de chocolate, embrulhados em sacolinhas decoradas com desenhos de coelhinhos pintados pelos alunos do Colégio. Doações suficientes para atendermos as mesmas quatro creches que ajudamos no Natal. Preciso contar mais?

Vera Longuini
veralonguini@ateliedanoticia.com.br

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O sapatinho da mamãe



Eu já contei parte dessa história aqui. Vou apenas estendê-la. No Dia das Mães de 1986, a jornalista Rosa Guedes lamentou-se com dona Lena sobre a sua vontade de ter um filho. Minha mãe foi até o armário e de lá tirou um sapatinho de lã que ela própria havia tricotado, embrulhou-o para presente e o entregou à Rosa.
- No ano que vem você traga esse sapatinho “cheio”, ordenou dona Lena.
No dia 23 de janeiro passado o “recheio” do sapatinho da minha mãe completou 24 anos, está com mais de 1,70 de altura e tornou-se uma moça linda, inteligente, estudiosa e trabalhadora, orgulho dos seus pais e, é claro, da tia Lu (que sou eu, se é que alguém não ainda não sabe).
A história dos Guedes Tavares, que moraram na Rua Lucio Pereira Peixoto e, agora, vivem na Rua José de França Camargo, no Jardim Chapadão, na nossa vida é muito interessante.
O José Carlos Tavares foi meu colega de faculdade. A Rosa Guedes formou-se um ano depois, mas estreitamos a amizade em 1982 quando trabalhamos juntas na Radio Central. Foi amizade a primeira vista. Se bem que a palavra “vista” nesse contexto pode até parecer força de expressão. É que a Rosa, na adolescência, não enxergava muito bem devido ao astigmatismo e hipermetropia. Assim, quando íamos ao cinema, eu me sentava ao lado dela para ler, em voz alta e sob o protesto da platéia, as legendas dos filmes na tela.
Valeu a penas, pois acredito piamente que esse sacrifício tenha sido considerado quando o casal Tavares me convidou para madrinha do casamento. Desde então, a nossa amizade só aumento com o passar dos anos.
Como a família da Rosa é de Echaporã e a do Tavares de Rinópolis, a dona Lena os adotou como filhos em Campinas, incluindo-os sempre nos domingueiros almoços familiares. Com o nascimento da Renata e, um ano depois da Ana Leda, as meninas também foram incorporadas à árvore genealógica dos Badolato Longuini. A quem perguntasse sobre quantos netos tinha, dona Lena respondia de pronto:
- Doze.
-São 10, alguém sempre a corrigia.
-Não, são doze. Você não contou a Renata e a Ana Leda, dizia.
Quando a Renatinha nasceu eu era muito baladeira. Saia todas as noites e chegava em casa com o Sol quase nascendo, ou, as vezes, já no alto do céu. Com uma filhotinha tão pequena, a Rosa e o Tavares passavam o sabadão trancados em casa e queriam a companhia dos amigos aos domingos. Assim, todos os finais de semana a Rosa me ligava logo pela manhã, com o mesmo apelo:
-Longuini, é a Rosa. Eu te acordei?
-Não, respondia. Eu tive que levantar para atender ao telefone que estava tocando, resmungava.
-Vem almoçar aqui, pedia.
Eu aceitava o convite, mas ia cambaleando de sono. Mal terminava de almoçar, eu pegava a Renatinha no colo e dizia que ia para o quarto fazê-la dormir. Bastava alguém abrir a porta para me flagrar no maior sono e a Renata brincando, sozinha, sentadinha na cama.
Certa vez, a rosa e o Tavares viajaram para Buenos Aires e as deixaram comigo. Eu as levava para a escola, fazia comida para elas e, ainda, as “obriguei” a participar de um concurso de redação do Mac Donalds. Mas sei que a Re-re, como a chamo, me perdoa, assim como a Ana Leda, que é tão baladeira quanto a tia e a quem eu também homenageio por aniversariar no dia 28 de fevereiro. A Renata é Relações Públicas e trabalha na Thema. A Leda formou-se em Comércio Exterior e foi contratada pela Motorola. Sempre que podem, elas me visitam. Saímos para tomar cerveja e comentar sobre trabalho e amores. Além de minhas eternas sobrinhas, elas se tornaram minhas grandes amigas. Tanto quanto os seus queridos pais.